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terça-feira, 31 de março de 2009

A Natureza...

As sós comigo, consigo,
mais facilmente, possuir,
onde me leva o desejo
e a liberdade,
sem ter medo de falhar,
de atingir a sublimidade do íntimo,
nem sentir culpa pelo impessoal...

Dou voltas para fora,
aflora-me a inquietude,
tento encontrar descanso
e demonstrar sucesso.

Mas sou muito melhor,
do que pareço,
e de tudo o que exibo,
em esforço,
como sendo meu
(ou não)
e tendo valor...

Descobre-me nos versos;
se fores capaz de primeiro
te olhar ao espelho
e de assumir a imperfeição,
e achar-me-ás nas palavras escritas
a partir do ponto vernal.

A moral é obra
de velhos (i)moralistas.
A ética;
é a virtude de quem tem moral.

Olha para as cores dos campos,
na Primavera,
e diz-me,
se também não te dói
interpretar a natureza sombria
do Inverno humano?

sábado, 28 de março de 2009

Alicerces de segurança

Construí durante uma eternidade
uma grande casa,
sobre os alicerces, de uma outra,
que se perdeu de existência,
de segurança,
onde nasci;
e acabou, também esta,
inesperadamente por ruir.

Depois construí outra,
dentro de mim
e senti angustia de solidão,
por não ter o hábito
de estar a sós comigo
e por ter de suportar tudo,
com responsabilidade.
Definitivamente resolvi sair
da minha aldeia
e habitar-me sempre livre
para onde fosse.
Percebi que por muito que vivesse
não conseguiria percorrer
todos os lugares da Terra,
mas que isso não seria nem importante,
nem motivo de receio e de frustração
e nem alteraria por alguma vez o percurso
a que me propus inicialmente a cumprir.

Conhecendo bem a minha casa
e o que sou
bastar-me-á
para me sentir o mundo.

Um dia voltarei à minha aldeia,
se tiver tempo,
para lá morrer.

Tempo

O tempo é cada vez mais precioso;
e quanto mais tempo temos,
menos tempo nos falta.

O segredo é saber gerir o tempo,
com tempo
e ainda sobrar tempo...

Aprende-se com o tempo
e vive-se o momento.

UniVerso(s)

Este universo é afinal finito;
é semelhante a uma pequena célula,
que, compõem,
como triliões de biliões de milhões de outras,
um dos tecidos da alma de Deus.

Descubro num pequeno berlinde,
suspenso por minha mão,
entre dois de meus dedos,
também um grandioso universo;
de tantas e coloridas galáxias,
cristalizadas em vidro…
Mas capaz de explodir um dia,
de quebrar o feitiço
e de ser livre,
e muitos mais…

Sinto-me
o olhar de Deus
e também universo(s)…
A mão do (in)justo;
atirando o berlinde ao chão
e quebrando-o em mil pedaços.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Aprender

A vida não pára de nos ensinar
e surpreendemo-nos
por sermos capazes de tanto aprender.

Dificilmente, nos é dado
o que nos serve ao descanso,
mas sim, o que nos dá trabalho
e nos remove a carapaça;
aquela que tão bem já nos assenta,
de tão dura e velha...

O que é alimento à nossa segurança,
intoxica o caminho
e a esperança,
descontrói a lógica das estruturas
que se edificaram sabiamente na alma.

São os pés que tacteiam o chão,
suportam todos os pesos,
e a dor de uno destino.
Com os olhos saboreamos
o que está à nossa altura
ou acima de nós,
e tranquilamente aprenderemos a ver
a felicidade
como se tudo fosse a primeira vez.

domingo, 22 de março de 2009

Pobreza

Os ricos sentem-se pobres;
ambicionam ser mais ricos.
Os pobres sobrevivem pobres,
e os que sonham ser ricos
à custa de outros pobres
continuarão pobres,
mesmo que se tornem ricos.
Os ricos serão mais ricos,
os pobres mais pobres,
e seremos todos ricos
de tanta pobreza.

Na minha Terra
morre gente,
por não haver rico
que se aproxime de pobre.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Homem


Homem,
criatura da natureza,
inventor de deuses,
incomparavelmente triste,
orgulhosamente iludido,
sofredor dos sentidos,
narciso,
animal,
vertebrado...

Enquanto cria,
mama,
já em pequeno,
guerreia...

É possuidor do dom
da consciência,
mas desde sempre vacila,
inseguro,
entre a ambição
e o amor...

A inteligência reina
em todas as selvas;
a justa predadora!
Reclama-a,
como exclusiva,
a ignorância.

quarta-feira, 18 de março de 2009

(Re)início

Todos os dias (re)começo,
ao acordar,
e a todas as horas,
desde que (re)conheça
a importância do (re)início
e tenha a coragem para (re)morrer.

Já fiz muitas directas;
não por cobardia,
mas por (in)consciência,
tolerância
ou indulgência!

Não se pode adiar
o que ficou perdido,
vazio de essência,
lá atrás…

A morte
nem sempre
é transponível.

Mas qualquer manhã
é de esperança!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Crescer

Dói
crescer;
ser
e parecer.

O tempo
tudo mata,
menos a pobreza
que persiste
presa de limites
e a morte.

Quanto menos possuo
mais significo;
para habitar toda a galáxia.



sábado, 14 de março de 2009

Reino...

Rei destronado,
reino dividido
e eu como plebeu
à mercê de tríade
força do firmamento.

Por fim,
é de mim que vem
o que me surpreende
e faz do Hades da minha coragem
a força dom de (re)nascer,
depois de me ter afogado
nos sonhos de um mar sem fim.

Ardo,
incandescente,
neste inferno.
Espero um paraíso
que me mereça!

quinta-feira, 12 de março de 2009

Nunca fui herói

Com a minha rebeldia
conquisto liberdade
ou confronto os medos
e exercito o domínio,
para me sentir mais forte,
sobre os infelizes.

O arrependimento
espelha a fraqueza
e eu ainda não sou deus.

Serve-me a moral,
a perversão
e aplico-a
recriada.
E fujo constantemente
dos abismos
que me atraem.

Nunca fui herói
por querer,
mas quando temi.

Por muito que me mascare,
serão sempre terrenos,
e herdados,
os meus disfarces
e contam história;
ontem, fiz de fada,
amanhã, serei o lobo mau,
outro dia, o Superman!…
E terão sempre intenção
aos (des)conhecidos.

Agora, neste momento?!
Igual a todos,
com a nudez de poeta
e o fingimento de um louco.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Civilizado

Aprende-se a sobreviver
desde cedo,
mas devo educar-me
de civilizado,
sempre.

Os apelos da alma
vencem, aparentemente
os dos instintos,
que adormecidos,
permanecem.

E estarei atento
a qualquer despertar
que me impeça,
racionalmente
de aplicar
o conhecimento
e no amor.

Quero vencer os desafios,
sem dependência,
nem por necessidade.
Ser livre para me gostar
e bem crescido,
para fazer escolhas.

Nem sempre lido bem,
com este meu ego,
que já me nasceu grande,
e muito menos com outros
maiores do que o meu.

Todos, um!

De repente
todos se calam,
e faz-se o silêncio
da estratégia,
da vergonha
ou da ignorância.

Tudo parece normal e são;
finge-se felicidade.

E seremos o mesmo
até a exaustão,
por medo ou conformismo,
à falta de alternativas,
de outros mares
e de auto estima.

O que serei eu,
sem ti?
O que serás tu,
sem ele?
O que será ele,
sem nós?
E nós, o que seremos
sem voz?

Gritemos
por amor à liberdade,
é urgente;
estarmos vivos,
despertar
quem ainda está morrendo,
(re)descobrir,
(re)povoar a alma,
sermos todos,
um!...

Temos ainda um sonho
por cumprir,
uma país, entre mãos,
por dizer,
um fado, em uníssono,
por cantar!...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Átomo do amor

Sou
físico
e química!

Tudo o mais
é romantismo;
sujeito às leis
e às reacções...

É-me
característico
inventar histórias;
ajuda-me
a passar o tempo
e a construir identidade.

No meu laboratório
ainda investigo
ao átomo, o amor,
em tubos de ensaio
em forma
de coração.

Voltas...

Voltas
e mais voltas
antes de conseguir
encontrar o descanso
e a cama.

Esconde-se em mim
um desassossego,
que não conheço,
nem controlo.

Adio constantemente,
sem me aperceber,
o confronto
com o que me limita
e me faz ser assim…

É tão bom sentir o ar puro
e fresco,
quando inspirado,
devagar, pela manhã,
sem quaisquer negras nuvens,
a pairarem-me sobre a cabeça.

Marinheiro

Ancoro-me aos teus desejos,
defendido de naufrágio,
sem leme aos sonhos,
nem velas de coragem,
puxado à força de preia-mar.
Nascem-me asas no dorso,
ao fogo de em ti livremente ter poiso
e ser-te igual em confiança,
na serena brisa de qualquer entardecer.
Ungido pela doçura dos néctares,
perfumado pelas fragrâncias
das primaveras prometidas,
debruço-me no regaço do teu sorriso
e leio-te nos gestos poemas
em chamas de rimas,
de amor em flor,
de vida, a transbordar as margens
aos rios da tua voluptuosidade.
Exploro os mistérios sagrados do universo
no terno e eterno brilho
do teu complacente olhar.
Que sejam teus braços
um xaile sem penas
para me reconfortar
e me proteger dos medos,
e que do teu corpo
se abra a porta do meu fortalecido ser
até crescer manhã,
sem nunca se fazer tarde.

E possa eu,
marinheiro,
fazer-me de novo ao mar...

Capricórnio

Instala-se-lhe o Inverno na alma,
onde guardará pela noite dentro,
entre silêncio e frio,
a única semente a resistir.

E cair-lhe-ão os chifres da ganância,
pouco antes de ruir o cume da montanha.
E no auge de todas as mortes
será despojado de importância e de pertenças,
e assim o espírito, revigorado,
sofrerá a predestinação de encarnar uma outra primavera.

Restará o tempo,
para apagar o que sobrou da montanha
e para que se faça notar a essência humana
(re)nascida na planície.

E o velho Capricórnio,
com corpo de bode,
cauda de peixe...
Apenas, terá o tempo,
de aceitar, que morreu.
E que, como ele,
o capitalismo da especulação,
da não transparência,
da desigualdade…,
também, já sucumbiu.

Indaguei-me...

Indaguei-me.
Procurei-me nas origens,
descobri a escuridão.

Sou o trabalho
e a persistência,
sou a luta,
que constantemente se vence,
para que eu seja outro
e nunca o mesmo.

Ainda, ontem rastejava.
Hoje, distingue-me,
já não a postura,
mas o que escrevo.

Inventam-se mundos,
para que me (re)criem
e eu me iluda a essa importância,
e dependa,
esquecido do que valho.

Sei de mim
o suficiente,
para honrar todos os progenitores
e olhar a vida,
como o milagre.

Se não fossem os aviões,
já me teriam nascido asas.

domingo, 8 de março de 2009

Os miseráveis

Terra de esperanças,
prometidas,
onde sobejam mentiras,
pobreza presunçosa,
e a vaidade de pobre,
a ganância alucinada,
proxenetas,
poderosos virtuais,
líderes,
governantes,
megalómanos,
os sem vergonha
e os que se governam...

Persiste na base,
a iliteracia,
a culpa por ignorância
e dos sacrificados,
a subserviência
de quem nunca se ergueu,
a fome,
a doença,
a violência,
a injustiça,
o povo...

E repete-se a história!

Como acabar com os miseráveis,
sem ter de os matar?

Poderá um homem,
(sobre)viver tranquilo,
ao infortúnio de outro(s)?

Deram instintos
à indiferença,
para que, com o tempo,
o saber
e a inteligência,
se viesse a descobrir
o amor.

Olhando para o lado,
também me (re)vejo,
e me salvo,
ao que não sei,
nem estou imune.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ser Caminho...

Se alguém te disser
ser suficientemente conhecedor de si
e também ter muitas certezas
quanto ao caminho que deseja seguir,
então é por que há muito que não se sabe;
porventura acusará outros de lhe desviarem a sorte
e de lhe dificultarem ao que, nos sonhos, lhe já pertencia.

Se olhar para ti, com soberba,
e não te souber enfrentar como igual,
então continua presa fácil de uma consciência pobre, austera,
insuficiente para descomplexar as sombras
que lhe escondem o destino
e a sua essência.

O desespero
motiva à fé,
quando não há força para a acção,
nem coragem para crer.

A inteligência reina
impiedosamente;
não há deus que valha!

Saber ser caminho
é ser!

(Re)morrer

Tudo o que se inicia
chegará oportunamente ao fim
e ter-se-á cumprido,
mal e bem,
o que foi proposto.

(Re)morrer é necessário,
quando se quer (re)nascer
mais forte.

O poeta está morto!
Viva a poesia!