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terça-feira, 23 de junho de 2009

Nome(s) - José Heitor Santiago

Com José,
homenageio todos os José;
o carpinteiro
(o que fez de pai),
o escritor,
mantenedor da palavra,
o(s) amigo(s) do peito,
chamado(s) de José!…

Heitor,
nome,
de guerreiro,
grego,
de bem presente,
com início em luso oriente,
de tutelado
por fugitiva princesa,
de afilhado,
de quem seria também avô,
terceiro,
e o segundo,
assim herdado,
de primo varão.

Santiago,
de Iago que foi santo,
discípulo do Filho do carpinteiro,
também escritor de evangelho apócrifo,
e também segundo nome
de um livro filho, em que,
como poeta da vida,
também fui co-autor
(com D´Ó).

(Re)começo


Espero que um outro Maio,
mas com gosto a Abril,
ou que um outro Abril,
de esperanças de (re)começo,
se cumpra
por ordem dos ciclos,
e faça de todos nós
inteira primavera,
e possamos todos de pé,
desenhar outro caminho
floridos de humanidade,
(re)construídos de sentido...

A mudança espreita,
lá, do fundo da noite,
encoberta,
como trovão por retumbar,
impelida de (r)evolução.
Abalarão todas as estruturas,
e o poder
dos arrogantes,
dos auto-indulgentes,
simplesmente ruirá,
assim como todas as dores,
males
e (des)enganos,
dos infelizes,
terão o seu terminus...

Será outro,
e breve,
o refrão,
deste Lusitano fado,
a ser cantado:

Portugal, Portugal, Portugal!
(21Abr.2009)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ai, Portug(ra)al, minha frátria!


O meu país
está doente,
desfalecido,
moribundo,
decadente,
sofre
de um social ismo
qualquer,
raro,
mutante,
mortal...

No meu país
ainda se crê;
(re)criar o fado,
(re)viver os sonhos
dos heróis,
e dos poetas
que tão bem
nos (re)inventaram,
e nos (re)conduziram
à (r)evolução...

É preciso
(re)descobrir
o Espírito,
(re)fundá-lo,
(re)povoá-lo!...
Ser
em português!

Ai, Portu g(ra)al,
minha frátria,
ainda vos esperam
a glória,
o mundo
e eu!

domingo, 21 de junho de 2009

Árvore fértil


A Primavera
brilha no coração
de quem deseja
perpetuar-se em flor,
mesmo depois de parir
o fruto.

Árvore fértil,
a que me nasceu
ao solstício
de meu caminho.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Felicidade


Somos felizes?
Seremos
um dia!
Agora, lutamos
iludidos de felicidade,
olhando-a
como formiga,
que cobiça a montanha,
esquecida
do pequeno grão.

As pré-ocupações
são obstáculos,
à feitura
do seu ninho,
de nossas penas,
na Primavera
de toda a existência.

Seremos felizes,
quando a ave dourada,
em nós tiver
livre pouso.

Felicidade?!
Liberdade!

Que a liberdade
ressoe!

Tanto


Fui tanto
em tão pouco
e um pouco
de tudo.
Esquecido
de mim,
no que já fui,
quero ser
mais um pouco,
sem nunca
ao fim
me totalizar.

E ainda
tão pouco,
de tanto.

Espelho d´água


Afogo-me
num espelho d´água,
onde seguro
navega
o olhar.

Respirando
piso
as ondas,
que levanto,
e teimo,
nele,
em prender-me
pelo pés.

Voar de sabiá


Vacilo,
em desassossego,
entre o peso
da placidez,
aprisionado ao regalo
de originais raízes
e as asas
presenteadas
pelo instinto indiscreto,
que me inflama
à liberdade,
à façanha aos mundos
por desbravar.

Persegue-me
o que inevitavelmente
desconhecia,
ao esforço do bloqueio
pelo apetecível.

Ocupo-me
dos limites do meu espaço,
quando irresistivelmente
penso infinito.

Navego
na expectativa
de um qualquer rio,
acendo-me
de Sol,
atiçado de consciência,
afogo-me
na felicidade
que me desagua
e recuso-me
debruçar-me
ao pântano
das inculpas
e dos medos.

Quero voar,
sob oiro
e azul,
de sabiá.

Viagem


Esta grande viagem,
épico poema.
Estes versos
e reversos
dos dias
em que me sinto
poesia
e me (re)construo
palavra;
o sonho se confunde
e o medo se desvanece.

O mundo
gira ao ritmo
de meu coração
e só adormeço
quando tudo está pronto
para amanhecer.

Tudo, ninguém


Nunca conseguirei ser,
enquanto houver
quem não seja
tudo
in todo,
no essencial.

Paciente,
espero,
como os que tento
alcançar.

Não serei
ninguém!

Reflexo


Olhei-me
ao espelho
e não me reconheci.
Olhos nos olhos,
tentava compreender
aquela imagem,
tão desfocada
e irreal.

Assustei-me,
tentei fugir de mim.
Olhei-me
como me vêem
e era,
de novo,
eu.

O deus Homem

Dependemos
da normalidade
que nos criou,
sentimos
medo do tempo,
intuímos
a grandeza esmagadora
da imprevisibilidade
apocalíptica da natureza
e vivemos em culpa
pelas exigências altruísticas
ao próximo.

Amamos,
temendo
a brutalidade de um deus
criado à medida
das necessidades
e dos vícios
do Homem.

Asas


Descobri cedo
sonhar o mundo.
Não me sinto poeta
de palavras,
mas fotógrafo
de comportamentos.

Adapto-me
às novas linguagens
e leio
de vontade,
nunca esquecido,
o que me foi escrito,
para que aprendesse.

Pássaro,
homem,
voo para além de mim,
com o riscado da gaiola
tatuado na alma,
por tanto azul
à minha espera.

Mudo de asas
por cada poema
que me toca ao céu.

E seremos

Somos
um bando
de pássaros pensantes
e seremos
o Uni verso,
se as asas do sonho
forem infinitas galáxias
de luzentes palavras
iluminando céus de poesia,
no âmago de nosso delicado
e sensível coração.

E seremos mais,
se habitarmos
o reino dos poetas.

Herege

A escravidão
à religiosidade herege,
à verdade convertida em dogmas,
afasta a suprema regência
de prima divindade,
do intimista entendimento
da fé e no Todo.

Só um derradeiro milagre
devolverá vida
aos que ainda possuem na alma
a memória de Lázaro.

Somos muitos,
divididos
por eternas carências,
e por instintivas ambições
desmedidas de inveja,
retratanto a pequenez
dos que se glorificam
vencidos ao poder.

Somos muitos,
mas somos
Um!

Crias


Em cada favo de mel,
se constrói a doçura plena
do vitae enxame.

Em mãos,
unem-se retalhos;
obrada colcha
que te cobre
do mundo
aos pés.

Crescem-te
dispostas letras,
ajardinadas
em jeito de escrita,
e as palavras
correm como rios,
da tinta
que de tuas mãos
nasce.

Trabalhosamente
crias
as crias,
e crias,
por amor.

Movimentos

Se mergulho em convicções,
para me esconder;
dificilmente vislumbrarei
os horizontes da minha salvação...
Ansiosamente
sinto o(s) momento(s)
com a intensidade de uma vida,
como se tivesse pressa de morrer...
Não caibo
em qualquer vontade,
mas a compaixão
destrói-me
perante as vítimas
incapacitadas de querer.
Antecipar-me
por expectativa,
(re)criando-me erradamente,
faz desdobrar-me
em personagens;
nados-mortos
à felicidade.
O tempo ensina-me;
tudo devo aceitar
sem prazo...
Não me posso limitar,
a este corpo que ocupo,
devo ceder-me
aos movimentos
que me arrastam para além
do que a minha força
alcança...

A verdade
é tão simples,
a natureza é pura,
a imaginação,
infinita...

Mas a mente,
também sabe ser perversa...


Vida

Vida
frequente primavera,
não saudosista
desculpa,
nem desistência
por triste
espera.

Renasço
a todas as horas;
o milagre
continua!

sábado, 13 de junho de 2009

De Fernando





Tantas pessoas em
Pessoa e
mais Pessoa(s).

Somos Pessoa,
de Fernando,
por se cumprir!

Apessoado
poeta,
iluminado
Mar Pessoguês!






(Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1888, às 15h20.)
 

domingo, 7 de junho de 2009

(R)evolução


A (r)evolução
esconde-se
no fundo do céu,
aguardando
ordem
para emergir
e a fé
desperta,
estranhamente,
os sentidos
a todos os ausentes
de realidade.

Quanto mais profundo
for o abismo,
mais forte será o apelo
ao (re)começo.

Interesses


Abolida
fora a escravatura,
clandestina
tornara-se
a escravidão.

Os interesses
que gerem o mundo
não podem
esperar.

Saiba,
antes,
morrer o Homem!

sábado, 6 de junho de 2009

Meu amor...

Tudo que possuo
é nada.
Recordações
não nos fazem voltar
à realidade,
ao tempo que já passou,
mas sim à fantasia
que nos faz sentir dor;
e não na dor
assim se amou.
E neste sofrimento
te procuro,
com o nó da amargura
que em mim pairou,
sem este meu movimento,
cessar,
em ti meu amor,
no tempo me aventuro,
sem nos dias,
nem nas horas te encontrar.


(Montijo/1973)

Proscénio


Prefiro padecer
de vaidosa eloquência
do que sucumbir envenenado
na farsa da abnegação,
humildemente pobre,
despojado de máscaras
ao enredo deste proscénio
repleto de dramas,
de duplos
e de prestáveis à figuração.

Serei um dos principais
nos papeis de actor
e de contra-regra,
no contracenar
da personagem.

Morrerei
no final de cada acto,
legando ao palco,
o pó,
estreados sorrisos,
enregelada tristeza,
do teatro
da minha alma.

O desígnio




Heroicidade
na batalha dos meus medos,
aliada das crenças,
que a mim, também povoam.

Necessito
confiar-me ao alto...

Sou esmagado
pela grandeza
do que se reveste sem rosto,
por que me sinto mínimo
e cego.

O desígnio
é imortalizar
a humanidade
e dar-lhe uma Alma.

Os pássaros que me voaram das mãos...


Construo-me
na solidez
do meu mundo,
acreditando
no valor
do que possuo.
Resisto
às mudanças
que me impõem
liberdade.
Insisto,
em preservar,
o que julgo ter.
Involuntariamente
enfrento-me
no abismo
e caio falido
de cansaço,
esmagado
de estagnação;
desiludido...

Os pássaros,
que me voaram das mãos,
fizeram-me
olhar a grandeza do céu,
esquecer de seguir os pés
e as pedras, por eles topadas...

Renascer


Calcei o mundo,
mas cobriram-me
de mitos
e deuses...
De cedo
suporto o carrego
de todo este
inconsciente
e sobrevivo
ao paradigma
da existência.

Procuro-me
no intento
de livre
Ser;
ressuscitado
de humanismo.

Soletrar o mar


Das emoções
explodem palavras.
Letras eclodem
no fluorescente luar.
Magicamente
reflecte-se poesia
nas linhas onduladas de prata
e espraiam-se poemas-espuma,
beijando os sonhos do poeta
adormecido de soletrar
o mar.

Dissolvem-se
castelos metáfora
e esculpem-se na areia lavada,
com o peso da alma,
breves memórias
de tão sentimental passagem...

Viveria...


Procuraria
de bom grado
um anjo
que me quisesse,
se houvesse
em mim paz,
que o fizesse
habitar-me.

Empunharia
com acutilância
um punhal
que desventrasse
vil segredo;
qual me matasse,
se enlouquecesse
eu de incertezas.

Viveria
se vida
fosse a pretendida
e amor
o desejado.

Espera


Sentado
no poial de tua espera,
espero-te
curvado à tua ausência.

Sinto
o silêncio, no umbral,
de desencontros
à passagem,
e de uma porta
por ranger.

É tarde de mais,
para esperar
outro dia,
sabendo-te despida
destas paredes
e já de teu amargo
desespero.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Felicidade


Procuro gerir
a realidade que me cerca,
sonhando,
mas não me afogo
de expectativas utópicas,
sofrendo.

Quero ser feliz
ao minuto,
saboreando
cada segundo,
convicto do que sou
e do que somente possuo.

Conquistarei
o mundo
se disso for merecedor.

Depois de hoje


Morro todas as noites
ao adormecer
e renasço de manhã,
quando a luz do desejo
alvorece dentro de mim.
Cada vez mais
me pareço comigo,
por cada dia
que ressurjo.
Sigo-me no destino
sem saber para onde vou,
nem o que serei
no que me for preciso,
depois de hoje
e de amanhã...

Morrerei
sempre
que viver
queira!

Caminho


Aprendo
no contraste,
cresço
nos diálogos.
Mestre
nos erros
que detecto
no querer
que corrijo.
Vagueio,
errante,
à nossa procura
e todos os dias
encontro-me
desdenhado
no caminho
que me leva a ti.

Caminho,
pelo dois,
sentido.

Ansiosamente


Tanta pressa
de viver,
de ter tudo
e ser nada.
Avoco,
nos dilemas,
o vício da insatisfação
e nascem,
prematuramente,
enigmas.
Invento-me
ao prometido,
sem querer
esperar o hoje,
ansiosamente
só.

Crio
disfemismos
à vida,
em desiludida
felicidade
de mim.

domingo, 31 de maio de 2009

Roda


Brinco
no largo
da minha infância,
girando,
de mãos dadas,
em roda de esperança.

Cresce
por cada um
que a descobre,
aqui, no largo
da minha
terra,
e connosco
quer brincar.

Um dia
a nossa roda
será tão grande,
tão grande,
que abraçaremos
todos, à vontade,
a nossa Terra
e o largo
seremos nós.

Ciclos


A grande roda dentada
move-se
entre muitas outras
e essas
movem outras mais.

E todo o mecanismo
parece perfeito
e não ter fim.

Os ciclos
contam-se
sem erros,
nem interesses...

Criar
é reinventar a vida,
possuir a ilusória chave
que nos abre à imortalidade.
E pelo olhar do romantismo
recriamo-nos à dimensão
dos nossos profundos desejos,
para entretermos a solidão
e o medo da morte.

Esgotada
a ansiedade,
o tempo corre
sempre mais devagar
e o Sol põe-se
sensivelmente,
todos os dias,
à mesma hora.

Specie

Nem sempre
me consigo elevar,
ficando preso
em sofrimento
às trevas
das ninharias
do egoísmo.

A (des)valorização
dada à aparência
do problema,
depende
do confronto
que estabeleço
com a essência
da minha (in)segurança.

O instinto maior
à sobrevivência,
a educar,
deverá ser
o da preservação
da specie
da alma humana.

Máscaras


Ninguém se pode sentir gente,
com tanta gente retalhada.

É homem inteiro,
aquele que tem consciência
dos seus próprios limites.

O pecado está na insensatez
da superficialidade
como fuga...

Com o tempo crescemos,
limpando-nos de máscaras;
as que nos cansam até à alma
e que nos escondem de nós...

(Re)criado...

A superioridade
da raça
está na forma
como se ama,
não, como se destrói
ou se subjuga.

Quero ser lembrado
por nada ter possuído,
apenas (re)criado.

Marcar território?!
Isso é coisa
de cão!

Procuras-te criança

Prendes-te à terra,
com as raízes
que inventas,
procuras-te criança
e na segurança
com dependência.
Veste-te de medos
ao mundo que passa,
ergues teus muros, altos
e fechas-te de muitas portas.
Rejeitas-te na aventura,
negas crescer,
descobrir o mundo,
olhar outras estrelas...

Debaixo
da grande saia,
restas apenas tu,
ainda escondida
a chorar,
sem saberes de ti,
nem de todos os outros
que já partiram.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Simone, portuguesa






Canta com liberdade
o sonho dos poetas
que nos deram alma
e tem na voz
a força e o timbre
de um povo;
que soletra baixinho
saudade.
Constrói-se
de ninhos de manhãs coragem
com cantigas de ternura
aos filhos de um fado país.
Coração de filigrana
de um só destino
criado por gosto,
pulsa de amor-perfeito
no colo deste nosso Inverno
de esperanças de Primavera.
Tem no encanto
o sorriso dos dias
e as vestes de Lisboa.
Nas mãos fragatas
beijando o Tejo...
Apregoa a felicidade
das conquistas,
com ânimo
e asas de gaivota,
ao céu de um qualquer nosso desejo.

Seu nome
Simone,
mensageira,
trimegista,
cidadã da palavra
portuguesa,
nossa!




Poema publicado no Sarau em Boca de Cena, em revista (Brasil).

Não tenho sexo


Não tenho sexo;
tenho corpo
e querer!

Já cumpri
de reprodutor.

A minha idade
é a do amor
até que haja
tempo,
fantasia
e gente livre
como eu.

Há muito,
que não apago
a luz.

Ansiando

Persisto
na ombreira,
de porta entre aberta,
olhando
timidamente
o que acontece
fora de mim,
ansiando
que caiba o mundo
no interior
de minha alma.

Trilhos

Temos tudo
ou quase tudo.
Há quem tenha
quase nada
ou nada.
Estes trilhos
roseirais
são brincadeiras
aos desertos
da existência.

Na inocência
de qualquer manhã,
que bom seria,
se fosse cinzenta,
apenas, pela nuvem
que escondeu o Sol.

Desgarrada


À desgarrada
trovo os versos
que invento,
no meu silêncio,
espero a resposta
do canto teu.

Não é fácil
entender o poeta,
sem escutar
a alma da poesia.

Caminhos

Sem pressa
os corpos bailam no céu,
pelos caminhos
que os apresam
e a lucidez
persiste de estrela
ao olhar ingénuo
dos que olham para cima,
esperando a razão
que sustente a vida.

No drama humano
ficcionam-se os deuses
como mortais,
como se alguma vez
pudesse o Homem
ser deus.

Ventos

Somos gente,
ainda respirando,
presa ao cais
da esperança,
provocando
os ventos
e o grande oceano.

A natureza
é sábia
e o Homem
místico.

Herói dos dias

Se não tivesse medo de amar
não vos cobraria
a minha felicidade.
O risco da perda
leva-me ao abismo
do ganho.

A humilhação
ainda tem género;
vergando-se à terra
e a face do poder
tem expressão viril.

A minha coragem
é feita entre
fraqueza
e receios.
E assim,
vou-me sentido
herói dos dias.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O bem e o mal


Não digo mal
de quem diz mal;
o mal do mal
não leva ao bem.

Dizendo mal,
digo o que olho
por mim,
convicto do todo.

Somente vejo
de baixo
quem me olha
por bem
ou é merecedor
de ser admirado
como grande.

O uso das forças
só a mim me compete…
Mas se sei o caminho
por que hei-de sair
dos limites do traçado,
de mim me perder,
e não me sentir bem?

Sofro
sempre que me corrijo
e inquieta-me
o requinte
dos hipócritas.

Não tenho o mal
da maledicência…
O percurso é só um;
o do bem!

Impossível
servir a dois senhores;
Deus
e Mamon!…

sábado, 16 de maio de 2009

O tempo e eu


O tempo
encurta-me a vida
enquanto decorre
e tanto acontece
ao ritmo das emoções.

Ele constante,
nunca me esquece,
eu é que me iludo.

O tempo abraça-me
e eu sempre
a querer fugir-lhe
entre memórias,
e ansiedades.


sexta-feira, 15 de maio de 2009

Romã e árvores




Esta união, de facto,
que se desfaz,
com estrelas sem céu,
de mãos não dadas,
laços e tratados mal apertados,
parentesco sem raízes,
intuitos sem fé,
ideologias desconcertadas...
Espera a derrocada,
que seja pretexto
à liberdade suprema,
como península,
que se quebre
em ilha
e navegue aos mares do possível
e de futuro.

Consagra-me o destino:
um irmão de sangue,
que nossas casas sejam geminadas
até à alma,
que outros virão
unidos pela palavra
e ao coração de todas as histórias...

Persiste uma flor,
ao efeito de quaisquer ventos,
enlaçada ao bordão da esperança;
quer ser romã
e árvores.

E eu,
por vontade de todos,
também serei.



Imagem retirada de;
http://luminaria.blogs.sapo.pt/452690.html


quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sétimo fado


Três;
triângulo,
tempos,
virtudes,
democracia.
O enxofre, o mercúrio e o sal.
Os três céus.
Três sortes,
três (sem) reis,
e três de Deus, etc...

O quatro da cruz.
Quadrado.
Quatro; mares e ventos,
e os pontos cardeais.
Quatro sóis,
e estações.
Fases da Lua,
dinastias,
elementos,
e as letras do nome de Deus...

Sete;
rios e colinas.
Sete pecados,
capitais.
Sete selos
e trombetas.
As notas musicais.
Sete chakras,
sete vidas d`eus...

E o sétimo fado perecerá no horizonte.

Outras vozes,
outros números;
novo destino,
fado, outro,
império serão.


sábado, 9 de maio de 2009

O que sou...


Cada vez menos me confunde,
como me pareço...
Não é o que sou,
que importa,
e sinto-me em casa,
na pele
que me protege
a alma,
mas os sentimentos
que cultivo.

O que me (re)veste o pudor
é o olhar incriminatório
dos desprovidos de liberdade.

Como é grande o mundo
que eu sonho inventar
e ainda agora (re)nasci...

Tenho muito tempo,
até me multiplicar
para me saber
e chegar a hora
de sair do quarto.




Ilustração/Jean-Rustin

Sítio


Difícil crescer
num sítio pequeno,
de muros bem altos
e opacos,
cuidadosamente
preservado,
convenientemente
sombrio...

Difícil saber
se o instinto
que pede liberdade
não sofre
de pretensiosismo rebelde,
de coragem imprudente,
de inferioridade compensada,
de habilitada insubmissão,
e faça perigar
as estruturas
da maioria acomodada
ao que sempre
fora suficiente
e suspeitosamente amargo...

O que me está gravado na alma,
o que se me codifica na carne
e o que foi me dito por Deus,
em segredo ao ouvido,
permite-me provocar,
sem angustias,
nem receios,
quem se julga dono da natureza,
e possuidor das chaves dos céus,
e revolucionar
sem arrogância
os regímenes de pobreza...

Quero crescer;
estar à minha altura;
poder tão facilmente
seguir, de bruços,
o carreiro das formigas,
como pôr-me em bicos de pés
e mudar o sítio das estrelas.

Este ar rarefeito
envenena os sentidos;
são precisas
correntes de ar!...


Ilustração/Willem De Kooning

És poema...


És poema
por escrever.
Antes vivido
nos versos dos dias,
florescido
no corpo das palavras
que correm
sempre que nos invento,
inspirado,
e me chamas…
E somos fogo
e poesia!...

Quero-te
eternamente
inacabado,
mas intensamente
rimando
ao prazer
de cada momento.

Antes, seres-me,
que te (d)escrever.





Ilustração/Cecily Brown

Se me sofistico...


Se me sofistico
e me afasto
das raízes,
perder-me-ei
por ambição
ao que não tem fim
e serei escravo
do que nunca quis,
mas erradamente desejei...

Se me sofistico
esquecer-me-ei,
entre muitas coisas,
de que ainda hoje se morre
por não se ter o essencial,
e cairei no fosso
da (in)satisfação
pelo inexequível...

Se me sofistico,
morrerei por me (des)iludir
ou acabarei, sozinho,
como um deus,
supostamente
(i)mortal.
E louco!...

A colheita
dignifica-me,
desde a sementeira
e tenho tanta gente
a querer-me bem,
ao natural.




ilustração/Willem De Kooning

Acordo

Acordo
e ponho os pés no infinito.
Pouco convicto
de que se me faça dia
sem Sol suficiente
às surpresas
e aos confrontos,
regresso aos limites
da minha segurança
e descanso,
sobre o meu aconchego.
Cubro-me,
com a esperança
que me prepare
a vencer-me
e a habitar a liberdade
lá fora;
quando me for conveniente
o tempo
e o estado de espírito.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Escrevo


Escrevo.
Simplesmente, escrevo.
Procuro viver intensamente
e (d)escrever o que sinto.
E na minha ingenuidade,
acredito redigir
a poesia que vivo.

Escrevo.
Simplesmente, escrevo,
para me convencer
de que existo,
para me procurar
no destino
e para me lembrar
que sonho.





Expressões

Escreves;
a medo,
em suaves linhas,
timidamente direitas,
inventadas expressões
ao agrado dos seduzidos,
na pele do desinteresse,
com laivos de resignação,
como indulgente...

Leio-te;
despido de preceitos,
nas entre linhas dos instintos,
nos demónios a que te prendes,
nas fúrias dos argumentos,
na desdita dos ditos,
na alucinação dos perseguidos,
nas sombras da rejeição,
no amor ferido,
orgulhosamente déspota,
pérfido,
maligno...

Não sou mais
obrigado a ler,
o que me teimas
em escrever.

Expressão


Sou o que esperam que seja,
e o que tenho de esconder.
Na sombra da grande árvore
pesa-me a responsabilidade
de todos os ramos,
até os que tocam o céu.
Pressinto os caminhos,
que me vão nascendo
debaixo dos pés,
sem saber que os meus limites,
também são medidos
em anos-luz.
Sonho-me
à surpresa
de descobrir-me;
mas quando retiro a máscara,
nasce-me logo outra, de seguida,
sem querer...
Um dia,
desnudar-me-ei
de tudo,
o que me pretenda
sustentar
ou me deseje
prender
e acabarei por possuir
uma expressão
adulta de liberdade
e o à vontade
de quando fui criança.

Terei sempre uma máscara,
para quem não mereça
ver-me o rosto da alma.




Vejo


Que vejo?
Tão pouco.
Vejo somente
o que (re)conheço
e pouco mais.
Vejo até ao horizonte
e quase nada.
Vejo e não vejo;
tenho por hábito
os olhos abertos.
Vejo tudo por onde passo,
mas lembro-me vagamente
do que não me cegou.
.
Olho-me,
e através das palavras,
avisto-me nitidamente
até ao infinito.




terça-feira, 28 de abril de 2009

Poema


Vê-te como palavras
e sente-te na minha alma.
Descobre-te na liberdade
de meus sonhos
e segue o destino
que te fará de todos,
ao ritmo incandescente
de meu coração.
Bebe da alegria
de ser em ti manhã
quando te penso
e ouve-me no canto
de todos pássaros
declamando esperança.
Enfeita a lapela,
do teu já composto dia,
de ostentoso girassol,
colhido no jardim
dos meus sentidos
e abraça as árvores,
tão verdes,
de teus versos.
Olha-te nas palavras
e (d)escreve-te,
descomprometido de rimas,
poema...
Abre as janelas de ti,
para que a vida me leia
e me possua para além
das palavras,
e do silêncio.



domingo, 26 de abril de 2009

Fugir


Romper,
cortar laços,
pôr fim...
Dói muito,
quando presos
às consequências
que afligem
os que gostam
verdadeiramente de nós.
Querer fugir,
sem resolver,
fisicamente,
ao incomodo
do lugar,
e da má partilha
leva, por certo, ao cativeiro
da insegurança,
algemados pela culpa
e pelo indecifrável,
ao crescente medo
de nunca nos encontrarmos,
de tão perdidamente sós,
sem futuro,
nem desenlace,
atraindo em desespero
a própria solidão...
E acabando por, mais tarde,
ter de (re)morrer,
como derradeira saída,
para que ainda se dê
o possível (re)nascimento.




Ilustração/Paula Rego

Sonho...


Ouço o voar da gaivota
sobre o azul agitado do mar.
Entrego-me ao vento
e no baile com o vento,
imagino-me ao vento a voar.
Desejo em liberdade
deixar esta terra que piso,
soltando-me
sobre o azul agitado do mar.
Sonho
e sou pássaro
cansado de pousar
e voo até que a força
desta vontade
esmoreça
e se afogue
no azul profundo do mar.
E acorde eu, com pena
de nunca conseguir voar.




Eu sei...


Eu sei o quanto é forte o teu amor,
como se alguma vez o pudesse medir.
Eu sei o sentido da verdade eterna da tua amizade,
como se fosse suficientemente lúcido e presente para a merecer.
Eu sei o quanto é difícil ultrapassar crises, dificuldades, vencer conflitos...
Como se, em estado de graça, não tivesse sempre vivido num paraíso.
Eu sei que nem sempre compreendo o que esperam de mim,
como se soubesse o que sou, o que quero e o que pretendo dos outros.
Eu sei que preciso de norte, âncoras que me prendam à terra,
como se conhecesse o sul e tivesse liberdade para voar bem alto.


Eu sei o que sei
e nada sei.



sábado, 25 de abril de 2009

Falos raivosos


Eunucos (de)mentes,
cães que não ladram,
falos raivosos
abscônditos de cio.
Viril malogro,
atiçado de violência
atrás da espera,
açaimando a puridade
na calada dos inocentes.

E entre os imolados
estão dois anjos
da última procissão
do Senhor dos Passos.




(Todos os dias aumenta o número de crianças desaparecidas, sendo na grande maioria dos casos, vítimas de abuso sexual.)
Fotografia publicada em:

Era...


Até que, enfim,
cheguei ao que não sei,
mas sinto-me bem,
nem possível é de imaginar,
difícil, também de dizer...
Abriu-se-me uma porta,
enquanto dormia,
e esquecido,
julguei-me perdido.
Um, de quatro cavaleiros
feriu de morte o ancião,
que me prendia
ao medo,
e logo, me foi predestinado
aos mistérios do tempo
e das profecias.
Mostrar-me-á,
antes de um qualquer natal,
aquele que não o será,
o centro de meu universo,
para que, finalmente,
me reconheça no seio de todos,
em liberdade,
se acenda de vez
a consciência do Sexto Sol
e ascenda no horizonte
a Era do feminino.
É urgente escolher;
abrir mão
do que jamais caberá
na alma.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Lar, de sabor amargo

Não pode um pai
ser isto;
tratar filhos
como enteados,
injusto,
arrogante,
hipócrita...
E (des)governar
uma família
somente pelo prazer
de a chefiar,
sem ter instinto,
jeito
ou saber...

Não quero ser filho,
neste lar,
de sabor amargo,
de quem, não sabe,
nem ser fraternu,
respeitar as leis
da carne,
e os apelos
da existência,
nem cuidar do futuro
da liberdade...

Templo


Cedo interiorizei os sons bronze,
que ecoavam a cada hora,
de um templo de Deus e de santos,
em terras cobertas pelo ouro do trigo,
pertença antiga de guerreiros monges,
que se cruzavam com caminhos de Sant`Iago.
Sinos, gargantas de majestosas e altas torres,
lembrando o tempo e a conversão aos actos de fé,
ao invisível e omnipresente Espírito Santo,
de onde se avistavam faluas e fragatas
desaguando o braço do Tejo,
com lemes versáteis de vontades.
Continuam as badaladas a marcar o ritmo
das vidas num monte-rijo
perdido de memórias
e nas esperanças de uma galega.

E eu na praça,
procurando o entendimento
do intervalo entre o primeiro dia e hoje.

Somente este velho monumento evoluiu,
conservando a luminosidade rica do corpo inicial.




Fotografia/Igreja do Espírito Santo (Montijo)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Berço


Não me devo
compadecer
por não me ver
como aprendi,
mas aceitar,
tão simplesmente,
ser
o que descubro,
dia-a-dia,
dentro de mim.

Tenho uma Lua Cheia
nos beirais da minha memória,
escondida no dia maior do ano,
por que nunca findou a tarde
antes que nascesse.

Meu berço deixou de balançar,
para que eu acorde.





Amanhã e depois...

O conflito pela sublimidade
impacienta o entendimento
dos que se preservam
no caminho das estruturas,
viciados num poder
que se absoluta e se contrai,
sem vislumbrarem as derrotas
necessárias à evolução.
Nos céus desenha-se
com ângulos de tarefas,
a ordem temporal da vida
sujeita ao caos.
A dona da noite cai
no túmulo sagrado,
enquanto o guerreiro se exila
na persistência do tesouro.
O vento sopra do mar
coagido de incontrolável
tempestade
com o intuito de dissolver
o reino obtuso e circunflexo,
acastelado de desumanidade.
Soltar-se-ão as esperanças,
na confusão do terrífico
e os que julgarem ter morrido,
estarão renovados de consciência.
Outros sucumbirão cegos,
inabaláveis no orgulho,
e mesmo que sobrevivam,
não mais serão lançados
ao levante do conhecimento.
A noite será assombrosa
de inquietação,
sem vigília que a ilumine
e os uivos dos lobos
enfurecidos de frustração,
famintos de vingança,
perder-se-ão num deserto qualquer,
sem dunas que os amparem,
nem cadeira que os sustente,
amanhã
e depois...

Doce lar

Fiz de meus versos
paredes,
ergui-as em tijolo
de inspiração,
criei-as com a argamassa
do meu canto,
pintei-as de cor de vida
e de sonho
numa só demão.

E dei-me
de portas abertas,
para que entrasse gente.

A minha casa é o mundo,
despido de pobreza
e de tempo.

Habito-me
no quarto maior,
o do amor,
recheado
de complacentes afectos
e de muita ternura.

Lar,
doce lar!

(Des)culpa

No silêncio
não se esconde a (des)culpa.
instintivamente
reflectir-se-á...

Com a palavra
aplica-se a técnica
e foge-se pelo silêncio.

A acusação
serve de desculpa,
à culpa...

Caminhos

Os becos que percorro
são compridos
de tempo,
profundamente tristes
de estreitos,
onde a lucidez
espreita a medo
e a coragem
morre devagar.

Tenho bússolas
de esperança
aos caminhos abertos
de horizonte,
onde se respira
pura consciência
e a vida é fresca
de (re)nascida.

Mistério

Nos limites de mim,
infinitos mundos,
escondidos
ao entendimento
de todos.
Segmentos de vida,
que interagem
em sincronismos
perfeitos
e espelhamos universos,
que nascem
de meus contornos.
Nos limites de mim
o determinismo,
o efeito
que não depende
de uma só causa.

Nos limites de mim
o mistério
dos números
e da física.

Universalidade

Tenho sentidos
à sobrevivência
e desenvolvo conhecimento
à minha dimensão...
Sou a galáxia,
o grão de areia,
e passa-me o tempo
pela frente…
Todas as manhãs
tenho um sol pendurado
na janela de meu quarto
e eu imensamente feliz
dou graças
por me saber vivo.

Sinto-me um deus responsável,
pela universalidade
que me habita.

O livre arbítrio
serve-me na fé,
e o determinismo
impõe-me o caminho.

Pluralidade


No diálogo que estabeleço
com o(s) meu(s) Eu(s);
sinto-me dividido
pela neutralidade,
procuro ser justo nos papéis
que assumo,
recto na verdade que busco,
tolerante à pluralidade que dói...
Costumo ser irascível
perante a impudência exuberante
e a mediocridade das emoções.

Cultivo o respeito pelos outros;
que afinal, também são Eu(s).

Lembra-te de mim

Lembra-te de mim
e sentir-me-ei
mais perto da multidão.
Lembra-te de mim
e viverei,
mesmo, que seja somente
da tua lembrança.
Lembra-te de mim
por tudo o que, por aqui,
foi tatuado de minha existência,
também, com intuito
de imortalidade.

Temo o silêncio,
a infertilidade
e a descrença.

Nunca me esqueças;
lembra-te!

Por Descobrir...


Quero acreditar,
dar continuidade ao sonho,
ser Portugal!
Exprimir a alma
com lusitana voz,
entender-me com o mundo
de coração nas mãos,
ter nos gestos
a coragem,
e no intuito
ansiar-se o amor.
E haver fado
que se cumpra
por suprema vontade,
magia,
e que se cante,
em uníssono,
a fortuna
em português!

Quero acreditar,
que há, ainda, por descobrir!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Eram cravos...


Eram cravos
as flores que incendiaram
de esperança a manhã
e me floriram a alma,
até que não mais me lembre.

Da fúria da noite
nasceram a coragem,
cantigas,
palavras (de ordem)
e os homens
capazes de vontade;
concretizar sonhos
e repor o Sol.

A rua foi grito
de liberdade
e as mãos ruas,
unidas,
v`s de vitória,
pelo sentimento
de se ser cidade
e Portugal!



Dedicado a um nunca (ou muito pouco) lembrado;
Salgueiro Maia.



Somos filhos...




Somos filhos
dos que ontem,
tiveram actos
(im)pensados de coragem;
pela fé
foram capazes de vencer
todos os receios,
quebrar
com barreiras
e limites,
semear
o que hoje
ainda colhemos...

Somos livres
de (re)conhecer
a obra
e o criador.
O pecado maior;
a religiositate
subvertida ao poder
dos herdeiros
do velho império.

sábado, 18 de abril de 2009

Fado


Partiste
e fiquei, só,
com saudade,
neste tempo
que não se perde,
em agonia,
por um sonho verde,
neste fado,
meu lamento,
que canto
e tenho na voz
amarga
do pensamento.



Crescer

Quando pouco
ainda conhecia,
julgava saber tudo.
Agora que tanto
já aprendi,
nada sei.

Ainda, ontem
era criança,
mas de muito
me esqueci,
ou não quero,
que me lembre.

A consciência
a que me obrigo,
faz-me doer
e crescer.

Abraço


Rejeito em ti
o que em mim temo.
Quero interdepender
e nunca odiar
o teu amor.

Dou-te
o meu sorriso,
exibe-o
confiante.

Abraço-te
para me sentir
e me aceitar.


Dou, recebo...

Dou o que consigo merecer,
recebo como sei possuir.
Não faço caridade
com o que me sobra,
reparto-me na riqueza
que me escasseia.
Desconstruo-me
de personagens
aos frágeis olhares
de complexas máscaras
e firmo-me no tempo
com o que enfim provo.

Nunca me farei mais
do que sou,
para que, também,
sejas tu,
e eu.

(Psic)análise

Sou tantos,
que me confundo.
Nem sempre sei
o que se passa
em cada um de mim.
Surpreendo-me,
quando me (re)descubro,
entristeço-me,
quando me (re)atraiçoo...
Simplifico o caminho
aos já cansados
por tantas voltas
e de tanto fugir.
Acrescento degraus
aos que persistem
submergidos na ilusões
e envoltos em nevoeiros…
Jogo com as palavras
numa conversa complexa,
para que todos
se (psic)analisem
e falem de mim.

Sou tantos;
Eu!

Olho-me


Visto-me de mim,
olho-me ao espelho
e não me vejo,
nem me revejo,
na essência
do existir.

Firo-me de ver;
simples olhar
assassinado.

Sou por entre
os meus limites,
reflexo de tudo
o que me alcança,
mas nunca o centro
do Universo.

Ilha do paraíso

Navego numa caravela
de esperança,
sobre as ondas inquietas
de um mar ainda revolto.
Espero dar à costa
numa ilha,
ainda selvagem
de medos,
de sofrimento,
de vícios...
E aprender a viver comigo
em paraíso,
sabendo (a)mar.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

D. AFONSO I


Fostes
o princípio,
príncipe,
o primeiro,
o melhor,
guerreiro,
filho indigno
(por parte de mãe),
por mui nobre causa,
pátrio,
Ares da nossa coragem,
bravura e glória
deste lusitano fado,
fidedigno conquistador,
cavaleiro,
nosso amo,
senhor,
rei da criação,
santo
(canonizado
pelo povo)...

E fostes lírio
nascido aos pés
de immemorabile acácia;
a mesma que coroou
de espinhos
outro rei.

Os poetas,
os inconformados
e os que ainda crêem
evocam-vos,
para que encarneis,
urgentemente,
Portugal!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Faço amor...

Faço amor comigo,
entre olhares
de Lua
ao Sol,
casando o corpo
com a mente,
unindo a alma
a Deus,
contemplando
o êxtase sublime
da unidade.

Faço amor comigo,
envolto em sensualidade
e de gente,
no silêncio
de todo o preconceito.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Prisões


Quero sair das prisões do mundo.
As portas das minhas celas estão abertas,
escancaradas de esperança,
livres à circulação...
Mas concentro-me no ferrolho da acomodação
e sonho;
com a chave que abra a razão dos meus medos,
com o código de acesso à descodificação das incertezas,
com a senha e a contra-senha, para que acredite com prazer no amor,
com a password de programa que elimine os vírus dos pesadelos e das dependências do futuro,
com o pé-de-cabra, que rebente com a casa-forte, onde habita a minha insatisfeita ambição...

Com o que me queira libertar das desculpas,
ao confronto com maravilhas do mundo por descobrir
ainda dentro de mim,
na simplicidade de toda a existência.

Amar

É importante o amor;
amar-me,
sentir-me amado,
ter o altruísmo de amar
quem não me ama,
não amando
quem em egoísmo
tanto me quer!...

É importante o amor!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Lembrai-vos também de Jesus!


Lembrai-vos de um homem
que aceitou a morte,
nunca morrer.

E fez da sua luta,
a vida de todos nós.

É também por Ele
que continuamos a resistir
à hipócrita moralidade
das minorias dominantes,
que Dele(s) se servem,
para reinar.
E a persistir
de mãos dadas
também com os que se perderam
da(e) essência
e se deixam,
enfraquecidos,
subjugar,
aos pés
dos sugestionados
de eleição...

Lembrai-vos de um homem
que sendo rei
fez de nós seus irmãos
por herança...
E entendei
Dele,
tão simplesmente,
o Amor!...

Lembrai-vos
também de Jesus!...

sábado, 4 de abril de 2009

Retalho de Gente

Sinto-me retalho de gente,
objecto desvalorizado,
chuva batida a vento,
tecto sem telhado,
palavra não dita,
forno que não esquenta,
voz que não grita,
boato que se inventa,
gota no charco,
árvore já morta,
violino sem arco,
quinta sem horta,
pele mal amada,
espectáculo sem artista,
qualidade não controlada,
palhaço malabarista,
tv a preto e branco,
relógio sem ponteiros,
pirata manco,
tiros não certeiros,
corno manso,
intriga mal parida,
mudo ganso,
sapato de alma partida,
candelabro sem velas,
dia, de noite apagado,
ombreiras sem janelas,
nevoeiro cerrado,
bosta de besta,
cão rafeiro,
verga enlaçada de cesta,
pantomineiro,
mosca sem asas,
copo sem bebida,
rua sem casas,
beco sem saída...

Afadigado de sentir;
por tanto vestir
e despir!...

Tenho um sonho...

Tenho um sonho
que não me pertence.
Não consigo encontrar
razão que o sustente.

E continuo sem querer
a (re)pensá-lo
para que seja meu
esse sonho
mas tenha eu de ser outro
para conseguir vivê-lo.

Continuo,
sem saber o que me motiva,
ao sonho,
sem me surpreender,
nem estruturas,
iludido ao que não sei;
mas que vem de mim.

Por enquanto,
ainda, não o posso matar,
para que não seja eu a morrer.

Iludido de...

Iludido de viver em liberdade,
no meio de tudo,
na confusão do igual...

Esquecido de lutar
no silêncio do orgulho,
compenetrado à afirmação;
ser poder
e livremente criar,
ser amor
e sentir todo o prazer...

Submerso num oceano,
só, sem cardume,
espero que Poseidon
liberte as sereias
e me diga também o que sou
e onde é meu habitat.

Já me afoguei
de esperanças,
agora quero o mar
que há em mim,
para que eu me navegue
até sempre.

Hei-de me encontrar!...

terça-feira, 31 de março de 2009

A Natureza...

As sós comigo, consigo,
mais facilmente, possuir,
onde me leva o desejo
e a liberdade,
sem ter medo de falhar,
de atingir a sublimidade do íntimo,
nem sentir culpa pelo impessoal...

Dou voltas para fora,
aflora-me a inquietude,
tento encontrar descanso
e demonstrar sucesso.

Mas sou muito melhor,
do que pareço,
e de tudo o que exibo,
em esforço,
como sendo meu
(ou não)
e tendo valor...

Descobre-me nos versos;
se fores capaz de primeiro
te olhar ao espelho
e de assumir a imperfeição,
e achar-me-ás nas palavras escritas
a partir do ponto vernal.

A moral é obra
de velhos (i)moralistas.
A ética;
é a virtude de quem tem moral.

Olha para as cores dos campos,
na Primavera,
e diz-me,
se também não te dói
interpretar a natureza sombria
do Inverno humano?

sábado, 28 de março de 2009

Alicerces de segurança

Construí durante uma eternidade
uma grande casa,
sobre os alicerces, de uma outra,
que se perdeu de existência,
de segurança,
onde nasci;
e acabou, também esta,
inesperadamente por ruir.

Depois construí outra,
dentro de mim
e senti angustia de solidão,
por não ter o hábito
de estar a sós comigo
e por ter de suportar tudo,
com responsabilidade.
Definitivamente resolvi sair
da minha aldeia
e habitar-me sempre livre
para onde fosse.
Percebi que por muito que vivesse
não conseguiria percorrer
todos os lugares da Terra,
mas que isso não seria nem importante,
nem motivo de receio e de frustração
e nem alteraria por alguma vez o percurso
a que me propus inicialmente a cumprir.

Conhecendo bem a minha casa
e o que sou
bastar-me-á
para me sentir o mundo.

Um dia voltarei à minha aldeia,
se tiver tempo,
para lá morrer.

Tempo

O tempo é cada vez mais precioso;
e quanto mais tempo temos,
menos tempo nos falta.

O segredo é saber gerir o tempo,
com tempo
e ainda sobrar tempo...

Aprende-se com o tempo
e vive-se o momento.

UniVerso(s)

Este universo é afinal finito;
é semelhante a uma pequena célula,
que, compõem,
como triliões de biliões de milhões de outras,
um dos tecidos da alma de Deus.

Descubro num pequeno berlinde,
suspenso por minha mão,
entre dois de meus dedos,
também um grandioso universo;
de tantas e coloridas galáxias,
cristalizadas em vidro…
Mas capaz de explodir um dia,
de quebrar o feitiço
e de ser livre,
e muitos mais…

Sinto-me
o olhar de Deus
e também universo(s)…
A mão do (in)justo;
atirando o berlinde ao chão
e quebrando-o em mil pedaços.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Aprender

A vida não pára de nos ensinar
e surpreendemo-nos
por sermos capazes de tanto aprender.

Dificilmente, nos é dado
o que nos serve ao descanso,
mas sim, o que nos dá trabalho
e nos remove a carapaça;
aquela que tão bem já nos assenta,
de tão dura e velha...

O que é alimento à nossa segurança,
intoxica o caminho
e a esperança,
descontrói a lógica das estruturas
que se edificaram sabiamente na alma.

São os pés que tacteiam o chão,
suportam todos os pesos,
e a dor de uno destino.
Com os olhos saboreamos
o que está à nossa altura
ou acima de nós,
e tranquilamente aprenderemos a ver
a felicidade
como se tudo fosse a primeira vez.

domingo, 22 de março de 2009

Pobreza

Os ricos sentem-se pobres;
ambicionam ser mais ricos.
Os pobres sobrevivem pobres,
e os que sonham ser ricos
à custa de outros pobres
continuarão pobres,
mesmo que se tornem ricos.
Os ricos serão mais ricos,
os pobres mais pobres,
e seremos todos ricos
de tanta pobreza.

Na minha Terra
morre gente,
por não haver rico
que se aproxime de pobre.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Homem


Homem,
criatura da natureza,
inventor de deuses,
incomparavelmente triste,
orgulhosamente iludido,
sofredor dos sentidos,
narciso,
animal,
vertebrado...

Enquanto cria,
mama,
já em pequeno,
guerreia...

É possuidor do dom
da consciência,
mas desde sempre vacila,
inseguro,
entre a ambição
e o amor...

A inteligência reina
em todas as selvas;
a justa predadora!
Reclama-a,
como exclusiva,
a ignorância.

quarta-feira, 18 de março de 2009

(Re)início

Todos os dias (re)começo,
ao acordar,
e a todas as horas,
desde que (re)conheça
a importância do (re)início
e tenha a coragem para (re)morrer.

Já fiz muitas directas;
não por cobardia,
mas por (in)consciência,
tolerância
ou indulgência!

Não se pode adiar
o que ficou perdido,
vazio de essência,
lá atrás…

A morte
nem sempre
é transponível.

Mas qualquer manhã
é de esperança!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Crescer

Dói
crescer;
ser
e parecer.

O tempo
tudo mata,
menos a pobreza
que persiste
presa de limites
e a morte.

Quanto menos possuo
mais significo;
para habitar toda a galáxia.



sábado, 14 de março de 2009

Reino...

Rei destronado,
reino dividido
e eu como plebeu
à mercê de tríade
força do firmamento.

Por fim,
é de mim que vem
o que me surpreende
e faz do Hades da minha coragem
a força dom de (re)nascer,
depois de me ter afogado
nos sonhos de um mar sem fim.

Ardo,
incandescente,
neste inferno.
Espero um paraíso
que me mereça!

quinta-feira, 12 de março de 2009

Nunca fui herói

Com a minha rebeldia
conquisto liberdade
ou confronto os medos
e exercito o domínio,
para me sentir mais forte,
sobre os infelizes.

O arrependimento
espelha a fraqueza
e eu ainda não sou deus.

Serve-me a moral,
a perversão
e aplico-a
recriada.
E fujo constantemente
dos abismos
que me atraem.

Nunca fui herói
por querer,
mas quando temi.

Por muito que me mascare,
serão sempre terrenos,
e herdados,
os meus disfarces
e contam história;
ontem, fiz de fada,
amanhã, serei o lobo mau,
outro dia, o Superman!…
E terão sempre intenção
aos (des)conhecidos.

Agora, neste momento?!
Igual a todos,
com a nudez de poeta
e o fingimento de um louco.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Civilizado

Aprende-se a sobreviver
desde cedo,
mas devo educar-me
de civilizado,
sempre.

Os apelos da alma
vencem, aparentemente
os dos instintos,
que adormecidos,
permanecem.

E estarei atento
a qualquer despertar
que me impeça,
racionalmente
de aplicar
o conhecimento
e no amor.

Quero vencer os desafios,
sem dependência,
nem por necessidade.
Ser livre para me gostar
e bem crescido,
para fazer escolhas.

Nem sempre lido bem,
com este meu ego,
que já me nasceu grande,
e muito menos com outros
maiores do que o meu.

Todos, um!

De repente
todos se calam,
e faz-se o silêncio
da estratégia,
da vergonha
ou da ignorância.

Tudo parece normal e são;
finge-se felicidade.

E seremos o mesmo
até a exaustão,
por medo ou conformismo,
à falta de alternativas,
de outros mares
e de auto estima.

O que serei eu,
sem ti?
O que serás tu,
sem ele?
O que será ele,
sem nós?
E nós, o que seremos
sem voz?

Gritemos
por amor à liberdade,
é urgente;
estarmos vivos,
despertar
quem ainda está morrendo,
(re)descobrir,
(re)povoar a alma,
sermos todos,
um!...

Temos ainda um sonho
por cumprir,
uma país, entre mãos,
por dizer,
um fado, em uníssono,
por cantar!...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Átomo do amor

Sou
físico
e química!

Tudo o mais
é romantismo;
sujeito às leis
e às reacções...

É-me
característico
inventar histórias;
ajuda-me
a passar o tempo
e a construir identidade.

No meu laboratório
ainda investigo
ao átomo, o amor,
em tubos de ensaio
em forma
de coração.

Voltas...

Voltas
e mais voltas
antes de conseguir
encontrar o descanso
e a cama.

Esconde-se em mim
um desassossego,
que não conheço,
nem controlo.

Adio constantemente,
sem me aperceber,
o confronto
com o que me limita
e me faz ser assim…

É tão bom sentir o ar puro
e fresco,
quando inspirado,
devagar, pela manhã,
sem quaisquer negras nuvens,
a pairarem-me sobre a cabeça.

Marinheiro

Ancoro-me aos teus desejos,
defendido de naufrágio,
sem leme aos sonhos,
nem velas de coragem,
puxado à força de preia-mar.
Nascem-me asas no dorso,
ao fogo de em ti livremente ter poiso
e ser-te igual em confiança,
na serena brisa de qualquer entardecer.
Ungido pela doçura dos néctares,
perfumado pelas fragrâncias
das primaveras prometidas,
debruço-me no regaço do teu sorriso
e leio-te nos gestos poemas
em chamas de rimas,
de amor em flor,
de vida, a transbordar as margens
aos rios da tua voluptuosidade.
Exploro os mistérios sagrados do universo
no terno e eterno brilho
do teu complacente olhar.
Que sejam teus braços
um xaile sem penas
para me reconfortar
e me proteger dos medos,
e que do teu corpo
se abra a porta do meu fortalecido ser
até crescer manhã,
sem nunca se fazer tarde.

E possa eu,
marinheiro,
fazer-me de novo ao mar...

Capricórnio

Instala-se-lhe o Inverno na alma,
onde guardará pela noite dentro,
entre silêncio e frio,
a única semente a resistir.

E cair-lhe-ão os chifres da ganância,
pouco antes de ruir o cume da montanha.
E no auge de todas as mortes
será despojado de importância e de pertenças,
e assim o espírito, revigorado,
sofrerá a predestinação de encarnar uma outra primavera.

Restará o tempo,
para apagar o que sobrou da montanha
e para que se faça notar a essência humana
(re)nascida na planície.

E o velho Capricórnio,
com corpo de bode,
cauda de peixe...
Apenas, terá o tempo,
de aceitar, que morreu.
E que, como ele,
o capitalismo da especulação,
da não transparência,
da desigualdade…,
também, já sucumbiu.

Indaguei-me...

Indaguei-me.
Procurei-me nas origens,
descobri a escuridão.

Sou o trabalho
e a persistência,
sou a luta,
que constantemente se vence,
para que eu seja outro
e nunca o mesmo.

Ainda, ontem rastejava.
Hoje, distingue-me,
já não a postura,
mas o que escrevo.

Inventam-se mundos,
para que me (re)criem
e eu me iluda a essa importância,
e dependa,
esquecido do que valho.

Sei de mim
o suficiente,
para honrar todos os progenitores
e olhar a vida,
como o milagre.

Se não fossem os aviões,
já me teriam nascido asas.

domingo, 8 de março de 2009

Os miseráveis

Terra de esperanças,
prometidas,
onde sobejam mentiras,
pobreza presunçosa,
e a vaidade de pobre,
a ganância alucinada,
proxenetas,
poderosos virtuais,
líderes,
governantes,
megalómanos,
os sem vergonha
e os que se governam...

Persiste na base,
a iliteracia,
a culpa por ignorância
e dos sacrificados,
a subserviência
de quem nunca se ergueu,
a fome,
a doença,
a violência,
a injustiça,
o povo...

E repete-se a história!

Como acabar com os miseráveis,
sem ter de os matar?

Poderá um homem,
(sobre)viver tranquilo,
ao infortúnio de outro(s)?

Deram instintos
à indiferença,
para que, com o tempo,
o saber
e a inteligência,
se viesse a descobrir
o amor.

Olhando para o lado,
também me (re)vejo,
e me salvo,
ao que não sei,
nem estou imune.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ser Caminho...

Se alguém te disser
ser suficientemente conhecedor de si
e também ter muitas certezas
quanto ao caminho que deseja seguir,
então é por que há muito que não se sabe;
porventura acusará outros de lhe desviarem a sorte
e de lhe dificultarem ao que, nos sonhos, lhe já pertencia.

Se olhar para ti, com soberba,
e não te souber enfrentar como igual,
então continua presa fácil de uma consciência pobre, austera,
insuficiente para descomplexar as sombras
que lhe escondem o destino
e a sua essência.

O desespero
motiva à fé,
quando não há força para a acção,
nem coragem para crer.

A inteligência reina
impiedosamente;
não há deus que valha!

Saber ser caminho
é ser!

(Re)morrer

Tudo o que se inicia
chegará oportunamente ao fim
e ter-se-á cumprido,
mal e bem,
o que foi proposto.

(Re)morrer é necessário,
quando se quer (re)nascer
mais forte.

O poeta está morto!
Viva a poesia!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Trans humano

Deus
fez o milagre Homem,
e esboçou-lhe áspero o caminho,
para que se erguesse,
se tornasse desperto, reflexivo;
inteligente e forte!
Reinasse soberano,
deixando-lhe em branco
as opções aos actos
de (re)criação,
de se (re)inventar,
trans humano,
de amor,
para que se preservasse,
se perpetuasse,
espécie em evolução,
até ser capaz de enfrentá-Lo, outra vez,
fechando-se assim o ciclo.
E ser o Homem afinal o Criador.

O Espírito (re)quer um corpo
que o transporte até à eternidade.

Deus deu ao Homem a chave
e a esperança.

O medo tem mil desculpas
e o preconceito
é tribal.

Havemos de lá chegar!