Seguidores

terça-feira, 23 de junho de 2009

Nome(s) - José Heitor Santiago

Com José,
homenageio todos os José;
o carpinteiro
(o que fez de pai),
o escritor,
mantenedor da palavra,
o(s) amigo(s) do peito,
chamado(s) de José!…

Heitor,
nome,
de guerreiro,
grego,
de bem presente,
com início em luso oriente,
de tutelado
por fugitiva princesa,
de afilhado,
de quem seria também avô,
terceiro,
e o segundo,
assim herdado,
de primo varão.

Santiago,
de Iago que foi santo,
discípulo do Filho do carpinteiro,
também escritor de evangelho apócrifo,
e também segundo nome
de um livro filho, em que,
como poeta da vida,
também fui co-autor
(com D´Ó).

(Re)começo


Espero que um outro Maio,
mas com gosto a Abril,
ou que um outro Abril,
de esperanças de (re)começo,
se cumpra
por ordem dos ciclos,
e faça de todos nós
inteira primavera,
e possamos todos de pé,
desenhar outro caminho
floridos de humanidade,
(re)construídos de sentido...

A mudança espreita,
lá, do fundo da noite,
encoberta,
como trovão por retumbar,
impelida de (r)evolução.
Abalarão todas as estruturas,
e o poder
dos arrogantes,
dos auto-indulgentes,
simplesmente ruirá,
assim como todas as dores,
males
e (des)enganos,
dos infelizes,
terão o seu terminus...

Será outro,
e breve,
o refrão,
deste Lusitano fado,
a ser cantado:

Portugal, Portugal, Portugal!
(21Abr.2009)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ai, Portug(ra)al, minha frátria!


O meu país
está doente,
desfalecido,
moribundo,
decadente,
sofre
de um social ismo
qualquer,
raro,
mutante,
mortal...

No meu país
ainda se crê;
(re)criar o fado,
(re)viver os sonhos
dos heróis,
e dos poetas
que tão bem
nos (re)inventaram,
e nos (re)conduziram
à (r)evolução...

É preciso
(re)descobrir
o Espírito,
(re)fundá-lo,
(re)povoá-lo!...
Ser
em português!

Ai, Portu g(ra)al,
minha frátria,
ainda vos esperam
a glória,
o mundo
e eu!

domingo, 21 de junho de 2009

Árvore fértil


A Primavera
brilha no coração
de quem deseja
perpetuar-se em flor,
mesmo depois de parir
o fruto.

Árvore fértil,
a que me nasceu
ao solstício
de meu caminho.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Felicidade


Somos felizes?
Seremos
um dia!
Agora, lutamos
iludidos de felicidade,
olhando-a
como formiga,
que cobiça a montanha,
esquecida
do pequeno grão.

As pré-ocupações
são obstáculos,
à feitura
do seu ninho,
de nossas penas,
na Primavera
de toda a existência.

Seremos felizes,
quando a ave dourada,
em nós tiver
livre pouso.

Felicidade?!
Liberdade!

Que a liberdade
ressoe!

Tanto


Fui tanto
em tão pouco
e um pouco
de tudo.
Esquecido
de mim,
no que já fui,
quero ser
mais um pouco,
sem nunca
ao fim
me totalizar.

E ainda
tão pouco,
de tanto.

Espelho d´água


Afogo-me
num espelho d´água,
onde seguro
navega
o olhar.

Respirando
piso
as ondas,
que levanto,
e teimo,
nele,
em prender-me
pelo pés.

Voar de sabiá


Vacilo,
em desassossego,
entre o peso
da placidez,
aprisionado ao regalo
de originais raízes
e as asas
presenteadas
pelo instinto indiscreto,
que me inflama
à liberdade,
à façanha aos mundos
por desbravar.

Persegue-me
o que inevitavelmente
desconhecia,
ao esforço do bloqueio
pelo apetecível.

Ocupo-me
dos limites do meu espaço,
quando irresistivelmente
penso infinito.

Navego
na expectativa
de um qualquer rio,
acendo-me
de Sol,
atiçado de consciência,
afogo-me
na felicidade
que me desagua
e recuso-me
debruçar-me
ao pântano
das inculpas
e dos medos.

Quero voar,
sob oiro
e azul,
de sabiá.

Viagem


Esta grande viagem,
épico poema.
Estes versos
e reversos
dos dias
em que me sinto
poesia
e me (re)construo
palavra;
o sonho se confunde
e o medo se desvanece.

O mundo
gira ao ritmo
de meu coração
e só adormeço
quando tudo está pronto
para amanhecer.

Tudo, ninguém


Nunca conseguirei ser,
enquanto houver
quem não seja
tudo
in todo,
no essencial.

Paciente,
espero,
como os que tento
alcançar.

Não serei
ninguém!

Reflexo


Olhei-me
ao espelho
e não me reconheci.
Olhos nos olhos,
tentava compreender
aquela imagem,
tão desfocada
e irreal.

Assustei-me,
tentei fugir de mim.
Olhei-me
como me vêem
e era,
de novo,
eu.

O deus Homem

Dependemos
da normalidade
que nos criou,
sentimos
medo do tempo,
intuímos
a grandeza esmagadora
da imprevisibilidade
apocalíptica da natureza
e vivemos em culpa
pelas exigências altruísticas
ao próximo.

Amamos,
temendo
a brutalidade de um deus
criado à medida
das necessidades
e dos vícios
do Homem.

Asas


Descobri cedo
sonhar o mundo.
Não me sinto poeta
de palavras,
mas fotógrafo
de comportamentos.

Adapto-me
às novas linguagens
e leio
de vontade,
nunca esquecido,
o que me foi escrito,
para que aprendesse.

Pássaro,
homem,
voo para além de mim,
com o riscado da gaiola
tatuado na alma,
por tanto azul
à minha espera.

Mudo de asas
por cada poema
que me toca ao céu.

E seremos

Somos
um bando
de pássaros pensantes
e seremos
o Uni verso,
se as asas do sonho
forem infinitas galáxias
de luzentes palavras
iluminando céus de poesia,
no âmago de nosso delicado
e sensível coração.

E seremos mais,
se habitarmos
o reino dos poetas.

Herege

A escravidão
à religiosidade herege,
à verdade convertida em dogmas,
afasta a suprema regência
de prima divindade,
do intimista entendimento
da fé e no Todo.

Só um derradeiro milagre
devolverá vida
aos que ainda possuem na alma
a memória de Lázaro.

Somos muitos,
divididos
por eternas carências,
e por instintivas ambições
desmedidas de inveja,
retratanto a pequenez
dos que se glorificam
vencidos ao poder.

Somos muitos,
mas somos
Um!

Crias


Em cada favo de mel,
se constrói a doçura plena
do vitae enxame.

Em mãos,
unem-se retalhos;
obrada colcha
que te cobre
do mundo
aos pés.

Crescem-te
dispostas letras,
ajardinadas
em jeito de escrita,
e as palavras
correm como rios,
da tinta
que de tuas mãos
nasce.

Trabalhosamente
crias
as crias,
e crias,
por amor.

Movimentos

Se mergulho em convicções,
para me esconder;
dificilmente vislumbrarei
os horizontes da minha salvação...
Ansiosamente
sinto o(s) momento(s)
com a intensidade de uma vida,
como se tivesse pressa de morrer...
Não caibo
em qualquer vontade,
mas a compaixão
destrói-me
perante as vítimas
incapacitadas de querer.
Antecipar-me
por expectativa,
(re)criando-me erradamente,
faz desdobrar-me
em personagens;
nados-mortos
à felicidade.
O tempo ensina-me;
tudo devo aceitar
sem prazo...
Não me posso limitar,
a este corpo que ocupo,
devo ceder-me
aos movimentos
que me arrastam para além
do que a minha força
alcança...

A verdade
é tão simples,
a natureza é pura,
a imaginação,
infinita...

Mas a mente,
também sabe ser perversa...


Vida

Vida
frequente primavera,
não saudosista
desculpa,
nem desistência
por triste
espera.

Renasço
a todas as horas;
o milagre
continua!

sábado, 13 de junho de 2009

De Fernando





Tantas pessoas em
Pessoa e
mais Pessoa(s).

Somos Pessoa,
de Fernando,
por se cumprir!

Apessoado
poeta,
iluminado
Mar Pessoguês!






(Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1888, às 15h20.)
 

domingo, 7 de junho de 2009

(R)evolução


A (r)evolução
esconde-se
no fundo do céu,
aguardando
ordem
para emergir
e a fé
desperta,
estranhamente,
os sentidos
a todos os ausentes
de realidade.

Quanto mais profundo
for o abismo,
mais forte será o apelo
ao (re)começo.

Interesses


Abolida
fora a escravatura,
clandestina
tornara-se
a escravidão.

Os interesses
que gerem o mundo
não podem
esperar.

Saiba,
antes,
morrer o Homem!

sábado, 6 de junho de 2009

Meu amor...

Tudo que possuo
é nada.
Recordações
não nos fazem voltar
à realidade,
ao tempo que já passou,
mas sim à fantasia
que nos faz sentir dor;
e não na dor
assim se amou.
E neste sofrimento
te procuro,
com o nó da amargura
que em mim pairou,
sem este meu movimento,
cessar,
em ti meu amor,
no tempo me aventuro,
sem nos dias,
nem nas horas te encontrar.


(Montijo/1973)

Proscénio


Prefiro padecer
de vaidosa eloquência
do que sucumbir envenenado
na farsa da abnegação,
humildemente pobre,
despojado de máscaras
ao enredo deste proscénio
repleto de dramas,
de duplos
e de prestáveis à figuração.

Serei um dos principais
nos papeis de actor
e de contra-regra,
no contracenar
da personagem.

Morrerei
no final de cada acto,
legando ao palco,
o pó,
estreados sorrisos,
enregelada tristeza,
do teatro
da minha alma.

O desígnio




Heroicidade
na batalha dos meus medos,
aliada das crenças,
que a mim, também povoam.

Necessito
confiar-me ao alto...

Sou esmagado
pela grandeza
do que se reveste sem rosto,
por que me sinto mínimo
e cego.

O desígnio
é imortalizar
a humanidade
e dar-lhe uma Alma.

Os pássaros que me voaram das mãos...


Construo-me
na solidez
do meu mundo,
acreditando
no valor
do que possuo.
Resisto
às mudanças
que me impõem
liberdade.
Insisto,
em preservar,
o que julgo ter.
Involuntariamente
enfrento-me
no abismo
e caio falido
de cansaço,
esmagado
de estagnação;
desiludido...

Os pássaros,
que me voaram das mãos,
fizeram-me
olhar a grandeza do céu,
esquecer de seguir os pés
e as pedras, por eles topadas...

Renascer


Calcei o mundo,
mas cobriram-me
de mitos
e deuses...
De cedo
suporto o carrego
de todo este
inconsciente
e sobrevivo
ao paradigma
da existência.

Procuro-me
no intento
de livre
Ser;
ressuscitado
de humanismo.

Soletrar o mar


Das emoções
explodem palavras.
Letras eclodem
no fluorescente luar.
Magicamente
reflecte-se poesia
nas linhas onduladas de prata
e espraiam-se poemas-espuma,
beijando os sonhos do poeta
adormecido de soletrar
o mar.

Dissolvem-se
castelos metáfora
e esculpem-se na areia lavada,
com o peso da alma,
breves memórias
de tão sentimental passagem...

Viveria...


Procuraria
de bom grado
um anjo
que me quisesse,
se houvesse
em mim paz,
que o fizesse
habitar-me.

Empunharia
com acutilância
um punhal
que desventrasse
vil segredo;
qual me matasse,
se enlouquecesse
eu de incertezas.

Viveria
se vida
fosse a pretendida
e amor
o desejado.

Espera


Sentado
no poial de tua espera,
espero-te
curvado à tua ausência.

Sinto
o silêncio, no umbral,
de desencontros
à passagem,
e de uma porta
por ranger.

É tarde de mais,
para esperar
outro dia,
sabendo-te despida
destas paredes
e já de teu amargo
desespero.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Felicidade


Procuro gerir
a realidade que me cerca,
sonhando,
mas não me afogo
de expectativas utópicas,
sofrendo.

Quero ser feliz
ao minuto,
saboreando
cada segundo,
convicto do que sou
e do que somente possuo.

Conquistarei
o mundo
se disso for merecedor.

Depois de hoje


Morro todas as noites
ao adormecer
e renasço de manhã,
quando a luz do desejo
alvorece dentro de mim.
Cada vez mais
me pareço comigo,
por cada dia
que ressurjo.
Sigo-me no destino
sem saber para onde vou,
nem o que serei
no que me for preciso,
depois de hoje
e de amanhã...

Morrerei
sempre
que viver
queira!

Caminho


Aprendo
no contraste,
cresço
nos diálogos.
Mestre
nos erros
que detecto
no querer
que corrijo.
Vagueio,
errante,
à nossa procura
e todos os dias
encontro-me
desdenhado
no caminho
que me leva a ti.

Caminho,
pelo dois,
sentido.

Ansiosamente


Tanta pressa
de viver,
de ter tudo
e ser nada.
Avoco,
nos dilemas,
o vício da insatisfação
e nascem,
prematuramente,
enigmas.
Invento-me
ao prometido,
sem querer
esperar o hoje,
ansiosamente
só.

Crio
disfemismos
à vida,
em desiludida
felicidade
de mim.