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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Escrevo


Escrevo.
Simplesmente, escrevo.
Procuro viver intensamente
e (d)escrever o que sinto.
E na minha ingenuidade,
acredito redigir
a poesia que vivo.

Escrevo.
Simplesmente, escrevo,
para me convencer
de que existo,
para me procurar
no destino
e para me lembrar
que sonho.





Expressões

Escreves;
a medo,
em suaves linhas,
timidamente direitas,
inventadas expressões
ao agrado dos seduzidos,
na pele do desinteresse,
com laivos de resignação,
como indulgente...

Leio-te;
despido de preceitos,
nas entre linhas dos instintos,
nos demónios a que te prendes,
nas fúrias dos argumentos,
na desdita dos ditos,
na alucinação dos perseguidos,
nas sombras da rejeição,
no amor ferido,
orgulhosamente déspota,
pérfido,
maligno...

Não sou mais
obrigado a ler,
o que me teimas
em escrever.

Expressão


Sou o que esperam que seja,
e o que tenho de esconder.
Na sombra da grande árvore
pesa-me a responsabilidade
de todos os ramos,
até os que tocam o céu.
Pressinto os caminhos,
que me vão nascendo
debaixo dos pés,
sem saber que os meus limites,
também são medidos
em anos-luz.
Sonho-me
à surpresa
de descobrir-me;
mas quando retiro a máscara,
nasce-me logo outra, de seguida,
sem querer...
Um dia,
desnudar-me-ei
de tudo,
o que me pretenda
sustentar
ou me deseje
prender
e acabarei por possuir
uma expressão
adulta de liberdade
e o à vontade
de quando fui criança.

Terei sempre uma máscara,
para quem não mereça
ver-me o rosto da alma.




Vejo


Que vejo?
Tão pouco.
Vejo somente
o que (re)conheço
e pouco mais.
Vejo até ao horizonte
e quase nada.
Vejo e não vejo;
tenho por hábito
os olhos abertos.
Vejo tudo por onde passo,
mas lembro-me vagamente
do que não me cegou.
.
Olho-me,
e através das palavras,
avisto-me nitidamente
até ao infinito.




terça-feira, 28 de abril de 2009

Poema


Vê-te como palavras
e sente-te na minha alma.
Descobre-te na liberdade
de meus sonhos
e segue o destino
que te fará de todos,
ao ritmo incandescente
de meu coração.
Bebe da alegria
de ser em ti manhã
quando te penso
e ouve-me no canto
de todos pássaros
declamando esperança.
Enfeita a lapela,
do teu já composto dia,
de ostentoso girassol,
colhido no jardim
dos meus sentidos
e abraça as árvores,
tão verdes,
de teus versos.
Olha-te nas palavras
e (d)escreve-te,
descomprometido de rimas,
poema...
Abre as janelas de ti,
para que a vida me leia
e me possua para além
das palavras,
e do silêncio.



domingo, 26 de abril de 2009

Fugir


Romper,
cortar laços,
pôr fim...
Dói muito,
quando presos
às consequências
que afligem
os que gostam
verdadeiramente de nós.
Querer fugir,
sem resolver,
fisicamente,
ao incomodo
do lugar,
e da má partilha
leva, por certo, ao cativeiro
da insegurança,
algemados pela culpa
e pelo indecifrável,
ao crescente medo
de nunca nos encontrarmos,
de tão perdidamente sós,
sem futuro,
nem desenlace,
atraindo em desespero
a própria solidão...
E acabando por, mais tarde,
ter de (re)morrer,
como derradeira saída,
para que ainda se dê
o possível (re)nascimento.




Ilustração/Paula Rego

Sonho...


Ouço o voar da gaivota
sobre o azul agitado do mar.
Entrego-me ao vento
e no baile com o vento,
imagino-me ao vento a voar.
Desejo em liberdade
deixar esta terra que piso,
soltando-me
sobre o azul agitado do mar.
Sonho
e sou pássaro
cansado de pousar
e voo até que a força
desta vontade
esmoreça
e se afogue
no azul profundo do mar.
E acorde eu, com pena
de nunca conseguir voar.




Eu sei...


Eu sei o quanto é forte o teu amor,
como se alguma vez o pudesse medir.
Eu sei o sentido da verdade eterna da tua amizade,
como se fosse suficientemente lúcido e presente para a merecer.
Eu sei o quanto é difícil ultrapassar crises, dificuldades, vencer conflitos...
Como se, em estado de graça, não tivesse sempre vivido num paraíso.
Eu sei que nem sempre compreendo o que esperam de mim,
como se soubesse o que sou, o que quero e o que pretendo dos outros.
Eu sei que preciso de norte, âncoras que me prendam à terra,
como se conhecesse o sul e tivesse liberdade para voar bem alto.


Eu sei o que sei
e nada sei.



sábado, 25 de abril de 2009

Falos raivosos


Eunucos (de)mentes,
cães que não ladram,
falos raivosos
abscônditos de cio.
Viril malogro,
atiçado de violência
atrás da espera,
açaimando a puridade
na calada dos inocentes.

E entre os imolados
estão dois anjos
da última procissão
do Senhor dos Passos.




(Todos os dias aumenta o número de crianças desaparecidas, sendo na grande maioria dos casos, vítimas de abuso sexual.)
Fotografia publicada em:

Era...


Até que, enfim,
cheguei ao que não sei,
mas sinto-me bem,
nem possível é de imaginar,
difícil, também de dizer...
Abriu-se-me uma porta,
enquanto dormia,
e esquecido,
julguei-me perdido.
Um, de quatro cavaleiros
feriu de morte o ancião,
que me prendia
ao medo,
e logo, me foi predestinado
aos mistérios do tempo
e das profecias.
Mostrar-me-á,
antes de um qualquer natal,
aquele que não o será,
o centro de meu universo,
para que, finalmente,
me reconheça no seio de todos,
em liberdade,
se acenda de vez
a consciência do Sexto Sol
e ascenda no horizonte
a Era do feminino.
É urgente escolher;
abrir mão
do que jamais caberá
na alma.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Lar, de sabor amargo

Não pode um pai
ser isto;
tratar filhos
como enteados,
injusto,
arrogante,
hipócrita...
E (des)governar
uma família
somente pelo prazer
de a chefiar,
sem ter instinto,
jeito
ou saber...

Não quero ser filho,
neste lar,
de sabor amargo,
de quem, não sabe,
nem ser fraternu,
respeitar as leis
da carne,
e os apelos
da existência,
nem cuidar do futuro
da liberdade...

Templo


Cedo interiorizei os sons bronze,
que ecoavam a cada hora,
de um templo de Deus e de santos,
em terras cobertas pelo ouro do trigo,
pertença antiga de guerreiros monges,
que se cruzavam com caminhos de Sant`Iago.
Sinos, gargantas de majestosas e altas torres,
lembrando o tempo e a conversão aos actos de fé,
ao invisível e omnipresente Espírito Santo,
de onde se avistavam faluas e fragatas
desaguando o braço do Tejo,
com lemes versáteis de vontades.
Continuam as badaladas a marcar o ritmo
das vidas num monte-rijo
perdido de memórias
e nas esperanças de uma galega.

E eu na praça,
procurando o entendimento
do intervalo entre o primeiro dia e hoje.

Somente este velho monumento evoluiu,
conservando a luminosidade rica do corpo inicial.




Fotografia/Igreja do Espírito Santo (Montijo)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Berço


Não me devo
compadecer
por não me ver
como aprendi,
mas aceitar,
tão simplesmente,
ser
o que descubro,
dia-a-dia,
dentro de mim.

Tenho uma Lua Cheia
nos beirais da minha memória,
escondida no dia maior do ano,
por que nunca findou a tarde
antes que nascesse.

Meu berço deixou de balançar,
para que eu acorde.





Amanhã e depois...

O conflito pela sublimidade
impacienta o entendimento
dos que se preservam
no caminho das estruturas,
viciados num poder
que se absoluta e se contrai,
sem vislumbrarem as derrotas
necessárias à evolução.
Nos céus desenha-se
com ângulos de tarefas,
a ordem temporal da vida
sujeita ao caos.
A dona da noite cai
no túmulo sagrado,
enquanto o guerreiro se exila
na persistência do tesouro.
O vento sopra do mar
coagido de incontrolável
tempestade
com o intuito de dissolver
o reino obtuso e circunflexo,
acastelado de desumanidade.
Soltar-se-ão as esperanças,
na confusão do terrífico
e os que julgarem ter morrido,
estarão renovados de consciência.
Outros sucumbirão cegos,
inabaláveis no orgulho,
e mesmo que sobrevivam,
não mais serão lançados
ao levante do conhecimento.
A noite será assombrosa
de inquietação,
sem vigília que a ilumine
e os uivos dos lobos
enfurecidos de frustração,
famintos de vingança,
perder-se-ão num deserto qualquer,
sem dunas que os amparem,
nem cadeira que os sustente,
amanhã
e depois...

Doce lar

Fiz de meus versos
paredes,
ergui-as em tijolo
de inspiração,
criei-as com a argamassa
do meu canto,
pintei-as de cor de vida
e de sonho
numa só demão.

E dei-me
de portas abertas,
para que entrasse gente.

A minha casa é o mundo,
despido de pobreza
e de tempo.

Habito-me
no quarto maior,
o do amor,
recheado
de complacentes afectos
e de muita ternura.

Lar,
doce lar!

(Des)culpa

No silêncio
não se esconde a (des)culpa.
instintivamente
reflectir-se-á...

Com a palavra
aplica-se a técnica
e foge-se pelo silêncio.

A acusação
serve de desculpa,
à culpa...

Caminhos

Os becos que percorro
são compridos
de tempo,
profundamente tristes
de estreitos,
onde a lucidez
espreita a medo
e a coragem
morre devagar.

Tenho bússolas
de esperança
aos caminhos abertos
de horizonte,
onde se respira
pura consciência
e a vida é fresca
de (re)nascida.

Mistério

Nos limites de mim,
infinitos mundos,
escondidos
ao entendimento
de todos.
Segmentos de vida,
que interagem
em sincronismos
perfeitos
e espelhamos universos,
que nascem
de meus contornos.
Nos limites de mim
o determinismo,
o efeito
que não depende
de uma só causa.

Nos limites de mim
o mistério
dos números
e da física.

Universalidade

Tenho sentidos
à sobrevivência
e desenvolvo conhecimento
à minha dimensão...
Sou a galáxia,
o grão de areia,
e passa-me o tempo
pela frente…
Todas as manhãs
tenho um sol pendurado
na janela de meu quarto
e eu imensamente feliz
dou graças
por me saber vivo.

Sinto-me um deus responsável,
pela universalidade
que me habita.

O livre arbítrio
serve-me na fé,
e o determinismo
impõe-me o caminho.

Pluralidade


No diálogo que estabeleço
com o(s) meu(s) Eu(s);
sinto-me dividido
pela neutralidade,
procuro ser justo nos papéis
que assumo,
recto na verdade que busco,
tolerante à pluralidade que dói...
Costumo ser irascível
perante a impudência exuberante
e a mediocridade das emoções.

Cultivo o respeito pelos outros;
que afinal, também são Eu(s).

Lembra-te de mim

Lembra-te de mim
e sentir-me-ei
mais perto da multidão.
Lembra-te de mim
e viverei,
mesmo, que seja somente
da tua lembrança.
Lembra-te de mim
por tudo o que, por aqui,
foi tatuado de minha existência,
também, com intuito
de imortalidade.

Temo o silêncio,
a infertilidade
e a descrença.

Nunca me esqueças;
lembra-te!

Por Descobrir...


Quero acreditar,
dar continuidade ao sonho,
ser Portugal!
Exprimir a alma
com lusitana voz,
entender-me com o mundo
de coração nas mãos,
ter nos gestos
a coragem,
e no intuito
ansiar-se o amor.
E haver fado
que se cumpra
por suprema vontade,
magia,
e que se cante,
em uníssono,
a fortuna
em português!

Quero acreditar,
que há, ainda, por descobrir!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Eram cravos...


Eram cravos
as flores que incendiaram
de esperança a manhã
e me floriram a alma,
até que não mais me lembre.

Da fúria da noite
nasceram a coragem,
cantigas,
palavras (de ordem)
e os homens
capazes de vontade;
concretizar sonhos
e repor o Sol.

A rua foi grito
de liberdade
e as mãos ruas,
unidas,
v`s de vitória,
pelo sentimento
de se ser cidade
e Portugal!



Dedicado a um nunca (ou muito pouco) lembrado;
Salgueiro Maia.



Somos filhos...




Somos filhos
dos que ontem,
tiveram actos
(im)pensados de coragem;
pela fé
foram capazes de vencer
todos os receios,
quebrar
com barreiras
e limites,
semear
o que hoje
ainda colhemos...

Somos livres
de (re)conhecer
a obra
e o criador.
O pecado maior;
a religiositate
subvertida ao poder
dos herdeiros
do velho império.

sábado, 18 de abril de 2009

Fado


Partiste
e fiquei, só,
com saudade,
neste tempo
que não se perde,
em agonia,
por um sonho verde,
neste fado,
meu lamento,
que canto
e tenho na voz
amarga
do pensamento.



Crescer

Quando pouco
ainda conhecia,
julgava saber tudo.
Agora que tanto
já aprendi,
nada sei.

Ainda, ontem
era criança,
mas de muito
me esqueci,
ou não quero,
que me lembre.

A consciência
a que me obrigo,
faz-me doer
e crescer.

Abraço


Rejeito em ti
o que em mim temo.
Quero interdepender
e nunca odiar
o teu amor.

Dou-te
o meu sorriso,
exibe-o
confiante.

Abraço-te
para me sentir
e me aceitar.


Dou, recebo...

Dou o que consigo merecer,
recebo como sei possuir.
Não faço caridade
com o que me sobra,
reparto-me na riqueza
que me escasseia.
Desconstruo-me
de personagens
aos frágeis olhares
de complexas máscaras
e firmo-me no tempo
com o que enfim provo.

Nunca me farei mais
do que sou,
para que, também,
sejas tu,
e eu.

(Psic)análise

Sou tantos,
que me confundo.
Nem sempre sei
o que se passa
em cada um de mim.
Surpreendo-me,
quando me (re)descubro,
entristeço-me,
quando me (re)atraiçoo...
Simplifico o caminho
aos já cansados
por tantas voltas
e de tanto fugir.
Acrescento degraus
aos que persistem
submergidos na ilusões
e envoltos em nevoeiros…
Jogo com as palavras
numa conversa complexa,
para que todos
se (psic)analisem
e falem de mim.

Sou tantos;
Eu!

Olho-me


Visto-me de mim,
olho-me ao espelho
e não me vejo,
nem me revejo,
na essência
do existir.

Firo-me de ver;
simples olhar
assassinado.

Sou por entre
os meus limites,
reflexo de tudo
o que me alcança,
mas nunca o centro
do Universo.

Ilha do paraíso

Navego numa caravela
de esperança,
sobre as ondas inquietas
de um mar ainda revolto.
Espero dar à costa
numa ilha,
ainda selvagem
de medos,
de sofrimento,
de vícios...
E aprender a viver comigo
em paraíso,
sabendo (a)mar.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

D. AFONSO I


Fostes
o princípio,
príncipe,
o primeiro,
o melhor,
guerreiro,
filho indigno
(por parte de mãe),
por mui nobre causa,
pátrio,
Ares da nossa coragem,
bravura e glória
deste lusitano fado,
fidedigno conquistador,
cavaleiro,
nosso amo,
senhor,
rei da criação,
santo
(canonizado
pelo povo)...

E fostes lírio
nascido aos pés
de immemorabile acácia;
a mesma que coroou
de espinhos
outro rei.

Os poetas,
os inconformados
e os que ainda crêem
evocam-vos,
para que encarneis,
urgentemente,
Portugal!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Faço amor...

Faço amor comigo,
entre olhares
de Lua
ao Sol,
casando o corpo
com a mente,
unindo a alma
a Deus,
contemplando
o êxtase sublime
da unidade.

Faço amor comigo,
envolto em sensualidade
e de gente,
no silêncio
de todo o preconceito.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Prisões


Quero sair das prisões do mundo.
As portas das minhas celas estão abertas,
escancaradas de esperança,
livres à circulação...
Mas concentro-me no ferrolho da acomodação
e sonho;
com a chave que abra a razão dos meus medos,
com o código de acesso à descodificação das incertezas,
com a senha e a contra-senha, para que acredite com prazer no amor,
com a password de programa que elimine os vírus dos pesadelos e das dependências do futuro,
com o pé-de-cabra, que rebente com a casa-forte, onde habita a minha insatisfeita ambição...

Com o que me queira libertar das desculpas,
ao confronto com maravilhas do mundo por descobrir
ainda dentro de mim,
na simplicidade de toda a existência.

Amar

É importante o amor;
amar-me,
sentir-me amado,
ter o altruísmo de amar
quem não me ama,
não amando
quem em egoísmo
tanto me quer!...

É importante o amor!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Lembrai-vos também de Jesus!


Lembrai-vos de um homem
que aceitou a morte,
nunca morrer.

E fez da sua luta,
a vida de todos nós.

É também por Ele
que continuamos a resistir
à hipócrita moralidade
das minorias dominantes,
que Dele(s) se servem,
para reinar.
E a persistir
de mãos dadas
também com os que se perderam
da(e) essência
e se deixam,
enfraquecidos,
subjugar,
aos pés
dos sugestionados
de eleição...

Lembrai-vos de um homem
que sendo rei
fez de nós seus irmãos
por herança...
E entendei
Dele,
tão simplesmente,
o Amor!...

Lembrai-vos
também de Jesus!...

sábado, 4 de abril de 2009

Retalho de Gente

Sinto-me retalho de gente,
objecto desvalorizado,
chuva batida a vento,
tecto sem telhado,
palavra não dita,
forno que não esquenta,
voz que não grita,
boato que se inventa,
gota no charco,
árvore já morta,
violino sem arco,
quinta sem horta,
pele mal amada,
espectáculo sem artista,
qualidade não controlada,
palhaço malabarista,
tv a preto e branco,
relógio sem ponteiros,
pirata manco,
tiros não certeiros,
corno manso,
intriga mal parida,
mudo ganso,
sapato de alma partida,
candelabro sem velas,
dia, de noite apagado,
ombreiras sem janelas,
nevoeiro cerrado,
bosta de besta,
cão rafeiro,
verga enlaçada de cesta,
pantomineiro,
mosca sem asas,
copo sem bebida,
rua sem casas,
beco sem saída...

Afadigado de sentir;
por tanto vestir
e despir!...

Tenho um sonho...

Tenho um sonho
que não me pertence.
Não consigo encontrar
razão que o sustente.

E continuo sem querer
a (re)pensá-lo
para que seja meu
esse sonho
mas tenha eu de ser outro
para conseguir vivê-lo.

Continuo,
sem saber o que me motiva,
ao sonho,
sem me surpreender,
nem estruturas,
iludido ao que não sei;
mas que vem de mim.

Por enquanto,
ainda, não o posso matar,
para que não seja eu a morrer.

Iludido de...

Iludido de viver em liberdade,
no meio de tudo,
na confusão do igual...

Esquecido de lutar
no silêncio do orgulho,
compenetrado à afirmação;
ser poder
e livremente criar,
ser amor
e sentir todo o prazer...

Submerso num oceano,
só, sem cardume,
espero que Poseidon
liberte as sereias
e me diga também o que sou
e onde é meu habitat.

Já me afoguei
de esperanças,
agora quero o mar
que há em mim,
para que eu me navegue
até sempre.

Hei-de me encontrar!...